sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História do teatro + Expressão Corporal + Montagem


Expressão Corporal + Montagem
A expressão corporal possui um papel fundamental para a criação da personagem. Não só mentalmente, mas fisicamente somos seres construídos, seres com o próprio andar, os próprios gestos, s própria postura. Uma personagem não é só acomodação mental no nosso corpo, é também acomodação física, comportamental.  A expressão corporal desconstrói nossa própria adequação no mundo físico para que, por exemplo, um mendigo possa ter o porte de um mendigo e um guerreiro o de um guerreiro.
É a expressão corporal, também, nos situa no mundo físico, no palco, a distribuição das personagens em cena (“caminhando pelo espaço”) é parte em uma montagem e essa noção quem nos dá é essa matéria.
As marcações, em si, são conceitos de expressão corporal amplamente usados na montagem.
Há algumas semanas fizemos um exercício em que caminhávamos pelo espaço em velocidades distintas ao mesmo tempo em que líamos em voz alta as falas da peça. Creio que a noção de ritmo foi percebida nesse momento. Trabalhamos nesse exercício, além do ritmo, a distribuição no espaço.

Expressão Corporal + História do Teatro
Esse trabalho com a construção corporal da personagem e de distribuição é percebido ao longo de toda a história do teatro. Alguns exemplos deixam isso claro.
As personagens da Commedia Dell’arte são tipos, o ator que coloca a máscara responde corporalmente da forma característica daquela máscara. Se a máscara prescreve um velho, corcunda, é dessa forma eu o ator deve agir, como se fosse um velho, andar mais lento, curvado, fala dificultada talvez.
A própria evolução do coro em uma tragédia ou comédia grega é exemplo de expressão corporal (distribuição no espaço).

Montagem + História do Teatro
O berço do herói, a verdadeira história de Roque Santeiro, a peça que estamos montando (adaptação da peça de Dias Gomes) foi entendida inicialmente como uma comédia. Conclusão tirada do senso passado pela novela (Roque Santeiro) que tinha seu caráter cômico.
Acredito que a aula de história do teatro é grande responsável pela conceituação diversa que surgiu durante a montagem.
Foi nas aulas de história que tivemos contato com o conceito de comédia, tragédia.  É na origem e evolução de cada uma das “espécies” de teatro que se apreende o que queremos expor, passar, para o público, qual reação queremos dele.
Por que estudar história do teatro?
A arte em si é, também, expressão do momento histórico do artista, de como ele vê essa realidade, da forma como ele retrata suas visões.
É a história, esse “ser vivo”, que sempre muda, e que não apaga o passado, acrescenta, aperfeiçoa, modifica.
Será comédia o que estamos montando hoje? Comédia antiga, moderna, contemporânea? Quais aspectos são os mesmos e quais são diferentes? Sabendo quais elementos fundamentam uma comédia é possível transformar um drama em algo cômico?
A verdade é que tendo a matéria-prima, o conceito, e as ferramentas, os elementos, produzimos o que quisermos.

História do Teatro + Montagem + Expressão Corporal
 A história é que nos dá a fórmula. São os exemplos de como o teatro existiu, a análise da intenção, do fundamento, dos aspectos práticos, dos elementos.
Montagem, em si, remete a algo desmontado. Trata-se de conceito (história e teoria), mais as marcações e comportamentos do ator (expressão corporal), mais o próprio texto. Os recursos que as outras matérias trazem são como peças de um quebra cabeça, escolhemos os que servem e encaixamos no lugar certo.  


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