quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A primeira vez!

Pela primeira vez em cima de um palco. As pernas e as mãos tem vida própria, a língua dá tchilt, o texto não sai, o sotaque então. Estar embaixo da luz, sob olhares atentos, fingindo ser alguém q existiu na cabeça de um autor, mas que quando vc entra lá ganha vida. E fica melhor ou pior q a imaginação. Dignos ou não de tal imaginação estamos lá, justamente pelos olhares, pela luz, pela tremedeira, pela risada, pela lágrima. Afinal, o que é alguém sem essas sensações? É realmente alguém. Algumas pessoas dizem querer paz na vida. Eu dispenso. Pelo nervosismo, pelo coração acelerado, pela sensação anterior de que vai tudo dar errado, pela falta de sono, pela falta de paciencia com todo mundo, pelo cansaço. Eu sinto q corre sangue nas minhas veias e q eu existo. Por isso Mesmo digo e repito. Minha PRIMEIRA vez. O sentido mais lógico da primeira vez é q uma segunda virá. Então é justo isso. A PRIMEIRA VEZ. Uma primeira veZ avassaladora como a PAIXÃO. Estou apaixonada e dizem q a paixão dura mesmo uns 3 anos. Ainda tenho algum tempo pela frente com essa sensação. Quem sabe não vira amor. Espero ansiosa o próximo encontro.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um anjo caiu em Varekai!


Dia 30 de outubro de 2011 foi dia de circo. 

"Em uma misteriosa floresta, no interior
de um vulcão, existe um mundo
extraordinário. Um lugar onde tudo
é possível chamado Varekai." 

"Varekai" significa "onde quer que seja" na linguagem romena dos ciganos - os nômades universais. O espetáculo conta a história de Ícaro, que ao voar muito alto rumo ao sol, tem suas asas derretidas, caindo assim no mundo mágico de Varekai.
Um forasteiro na floresta é motivo pra muitas descobertas, de animais, de feiticeiros, de diversas criaturas magníficas, que passamos a conhecer juntamente com Ícaro.
Um espetáculo como esse dá espaço há muitas discussões.

Com seus figurinos suntuosos e exóticos, a figura de pessoa é completamente afastada. A última coisa que pensamos daquelas criaturas é que são humanas.
Além do figurino impressionante, a expressão corporal dos artistas é o fundamento dessa ilusão. Ilusão pertinente a toda a magia do circo, que se baseia em contorcionismos, acrobacias, danças, movimentos que nem de perto se podem dizer normais. Mas é ver um lagarto e de tão perfeita adaptação corporal ser inacreditável saber que quem faz é mesmo humano. Ver o vôo, a força, a elasticidade.
É no circo que a gente tem contato também com a comédia. A figura do palhaço que de coisas simples arranca risos de uma platéia de 1600 pessoas. Um dos números de um palhaço, que se apresentou como mágico com pretensão de galã, com umas mágicas furadas, era só cantar “Ne me quitte pás” com um foco sobre ele que mudava de lugar. E ele ia atrás correndo. O foco mudava de lugar de novo quando ele chegava. Algo tão simples foi um dos números mais engraçados.
Uma noite de mágica que passei em Varekai. É uma super produção, tem grande investimento envolvido e tudo, mas com toda certeza feito por pessoas competentes que sabem como entreter e como mostrar a arte do circo, sabem como fazer a magia acontecer.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Teatro e religião

"A investigação das origens do teatro deve ser realizada, sem dúvida, no animismo e na magia. Com efeito, parte da atividade dos grupos humanos primitivos é caracterizada pelo animismo, elemento passivo, e pela magia, elemento ativo da religião no momento de seu aparecimento, e podemos verificar que as primeiras formas reais do teatro se criam e se desenvolvem ao mesmo tempo que se criam e desenvolvem os ritos, as cerimônias e os cultos.
É evidente que, antes do mais, o homem tem que comer, de beber e de abrigar-se; as forças exteriores, e sobretudo as da natureza, dominam a vida quotidiana original, apresentando-se ao homem com um caráter de estranheza inexplicável. O homem imita a utilidade, e a primeira imitação é, sem dúvida, a do animal, que ele tem necessariamente de matar. Em redor do fogo, onde a horda se reune, as sombras facilitam o mistério; o movimento das chamas convida o corpo a dançar, enquanto sobre as faces os reflexos modelam uma máscara; um homem serve-se então do seu corpo para comunicar com o grupo e os seus movimentos criam a primeira linguagem. Este jogo mimético é já teatro; oferecendo-se em espetáculo o homem é já um ator.
Mas a impotência em lutar contra certos elementos , como a trovoada ou a inundação, provoca neste homem primitivo a crença no sobrenatural, em espíritos. Mais tarde, num estádio mais evoluído, ele acreditará na sobrevivência dos antepassados, depois em deuses. Para a sua mente, o mundo surge ainda desdobrado, e nasce então um mundo misterioso, onde ele descobre 'visões encantadas', imagens que despontam do seu cérebro, que lentamente vai adquirindo vida própria, não tardando a esboçar representações.
Por esse motivo pode-se dizer da religião que ela é o reflexo fantástico da existência humana. Os meios do teatro teriam nascido, pois, por assim dizer, da necessidade técnica de exprimir esse 'reflexo fantástico'.
Da mesma forma, também a história do teatro se apresenta como a história de uma das formas da atividade humana, e, precisamente por isso, está constantemente submetida às leis do desenvolvimento social do grupo, do clã ou da tribo (e depois da cidade, da nação ou do Estado).
[...]
O teatro como todas as outras formas de expressão, tornar-se-á cada vez mais uma conquista, uma forma de conhecimento, um vínculo social, uma arma e um enriquecimento do humano, uma tomada de consciência, um espelho da sociedade. O teatro recorrerá às outras artes (poesia, dança, música, pintura) para se aperfeiçoar. A ordenação do espetáculo não cessará de se enriquecer com exigências temporais, com invenções materiais e espirituais. Esta espécie de nascimento do teatro chegou ao seu término: o teatro torna-se um meio para o homem e para a sociedade. A sua história principia."

Moussinac, Léon. HISTÓRIA DO TEATRO - Das Origens aos Nossos Dias

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mé!

Estou lendo o livro "Dioniso - Imagem arquetípica da vida indestrutível" de Carl Kerényi, que é muito interessante e além de outras coisas como, por exemplo, o fato de a religião Grega derivar da minóica (de Creta) e esta ter certas origens no consumo de ópio, acabo de descobrir q a bebida dos deuses, antes msm da invenção do vinho, era o "Mé" (Hidromel - mistura de mel e água aquecida). O processo pra fazer nao deve ser tão simples. Mas eu achei o máximo e fiquei com vontade de experimentar. rsrs

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História do teatro + Expressão Corporal + Montagem


Expressão Corporal + Montagem
A expressão corporal possui um papel fundamental para a criação da personagem. Não só mentalmente, mas fisicamente somos seres construídos, seres com o próprio andar, os próprios gestos, s própria postura. Uma personagem não é só acomodação mental no nosso corpo, é também acomodação física, comportamental.  A expressão corporal desconstrói nossa própria adequação no mundo físico para que, por exemplo, um mendigo possa ter o porte de um mendigo e um guerreiro o de um guerreiro.
É a expressão corporal, também, nos situa no mundo físico, no palco, a distribuição das personagens em cena (“caminhando pelo espaço”) é parte em uma montagem e essa noção quem nos dá é essa matéria.
As marcações, em si, são conceitos de expressão corporal amplamente usados na montagem.
Há algumas semanas fizemos um exercício em que caminhávamos pelo espaço em velocidades distintas ao mesmo tempo em que líamos em voz alta as falas da peça. Creio que a noção de ritmo foi percebida nesse momento. Trabalhamos nesse exercício, além do ritmo, a distribuição no espaço.

Expressão Corporal + História do Teatro
Esse trabalho com a construção corporal da personagem e de distribuição é percebido ao longo de toda a história do teatro. Alguns exemplos deixam isso claro.
As personagens da Commedia Dell’arte são tipos, o ator que coloca a máscara responde corporalmente da forma característica daquela máscara. Se a máscara prescreve um velho, corcunda, é dessa forma eu o ator deve agir, como se fosse um velho, andar mais lento, curvado, fala dificultada talvez.
A própria evolução do coro em uma tragédia ou comédia grega é exemplo de expressão corporal (distribuição no espaço).

Montagem + História do Teatro
O berço do herói, a verdadeira história de Roque Santeiro, a peça que estamos montando (adaptação da peça de Dias Gomes) foi entendida inicialmente como uma comédia. Conclusão tirada do senso passado pela novela (Roque Santeiro) que tinha seu caráter cômico.
Acredito que a aula de história do teatro é grande responsável pela conceituação diversa que surgiu durante a montagem.
Foi nas aulas de história que tivemos contato com o conceito de comédia, tragédia.  É na origem e evolução de cada uma das “espécies” de teatro que se apreende o que queremos expor, passar, para o público, qual reação queremos dele.
Por que estudar história do teatro?
A arte em si é, também, expressão do momento histórico do artista, de como ele vê essa realidade, da forma como ele retrata suas visões.
É a história, esse “ser vivo”, que sempre muda, e que não apaga o passado, acrescenta, aperfeiçoa, modifica.
Será comédia o que estamos montando hoje? Comédia antiga, moderna, contemporânea? Quais aspectos são os mesmos e quais são diferentes? Sabendo quais elementos fundamentam uma comédia é possível transformar um drama em algo cômico?
A verdade é que tendo a matéria-prima, o conceito, e as ferramentas, os elementos, produzimos o que quisermos.

História do Teatro + Montagem + Expressão Corporal
 A história é que nos dá a fórmula. São os exemplos de como o teatro existiu, a análise da intenção, do fundamento, dos aspectos práticos, dos elementos.
Montagem, em si, remete a algo desmontado. Trata-se de conceito (história e teoria), mais as marcações e comportamentos do ator (expressão corporal), mais o próprio texto. Os recursos que as outras matérias trazem são como peças de um quebra cabeça, escolhemos os que servem e encaixamos no lugar certo.